LIVROS

Excertos:
" ... Apoiados em estranhos comunicados de difícil verificação, a 22 de Abril é anunciada a morte de Gilberto, um anúncio oficializado pelo Quai d’Orsay e pelo Eliseu que não é claro e deixa sempre pairar dúvidas quando reconhecem que não têm provas físicas da morte de Gilberto Rodrigues. Um jogo de palavras que se tornou insuportável para a família Rodrigues ... " (p. 109)
Gilberto Rodrigues, franco-português raptado em Novembro de 2012 no Mali por organização próxima da Al-Qaeda.
" ... “Com as “Primaveras Árabes”, a tendência aponta para que o número de incidentes dispare no Médio Oriente e Norte de África. A acompanhar o mesmo fenómeno, o valor dos resgates exigidos dilata, podendo ir de 50 mil a vários milhões de USD. Um mercado favorável e promissor para as empresas privadas especializadas em K&R (Rapto & Resgate).” (p. 119)... "
" ... Clint van Zandt (2015) considera que “se tivermos uma hipótese de resolver a crise de uma forma não violenta, essa opção será sempre tentada. Devemos sempre evitar sofrer do Síndrome John Wayne e ter uma acção desproporcionada que reduza o inimigo à Idade da Pedra”. (p. 122)... "
Clint van Zandt, antigo agente do FBI especializado na negociação em crise de reféns, actualmente na segurança privada.
" ... O rapto de Brent Swan [em Cabinda] levou os EUA a enviarem pela primeira vez uma equipa de negociadores de reféns do FBI para o estrangeiro, especificamente para o Zaire, actual República Democrática do Congo, onde a FLEC PM tinha uma base instalada num campo de refugiados. (p. 99)... "
" ... Segundo o testemunho de Irene Bravi Rodrigues49, irmã do luso francês Gilberto Rodrigues raptado no Mali pelo movimento MUJAO em Novembro de 2012, após o “choque” ao terem conhecimento através da televisão do rapto de Gilberto Rodrigues, a família Rodrigues sentiu se abandonada pelas autoridades francesas. (p. 125)... "
Raptos Políticos e Tomada de Reféns
Rui Neumann (2016)
Empresários, turistas, filantropos, voluntários, missionários, militares, jornalistas… qualquer um é potencialmente um refém aos olhos de muitos movimentos.
Como refém deixará de ser um ser humano para tornar-se numa “mercadoria”.
Entre 1970 e 2013 ocorreram no mundo 7.679 raptos, sequestros e tomadas de reféns com motivações políticas que resultaram na captura e retenção de 72.204 reféns. De 2003 e 2013 num total de 26.425 reféns, 378 eram estrangeiros.Os estrangeiros, e especialmente os Ocidentais, tornaram-se alvos preferenciais devido à forte rentabilidade que geram e, contra seu grado, contribuem activamente como um dos mecanismos de financiamento do terrorismo e sua promoção. Um refém estrangeiro é uma “mercadoria” que tem um valor exponencialmente superior a um refém doméstico.
Esta ameaça global também atingiu Portugal, sendo que as crises foram quase sempre geridas de forma improvisada, mas eficaz. As negociações para as libertações de reféns portugueses estiveram, todavia, sempre envoltas por uma omerta apenas decriptada em parte quando ouvidos os responsáveis dos raptos, tal como demonstraram, por exemplo, os episódios ocorridos no enclave de Cabinda. Para além da Venezuela, Moçambique entre outros, a vaga de raptos em Cabinda é desenvolvido neste livro que apresenta revelações inéditas.
Para uma melhor compreensão do fenómeno foram entrevistados raptores, negociadores e vítimas, mas também especialistas na formação das medidas e construção dos mecanismos legais contra os raptos.

Comentários sobre o livro:
Uma enorme parte deste trabalho de sapa foi já levado a cabo – neste como noutros casos – por Rui Neumann, cuja rede de contactos neste domínio, de Portugal a França, dos Estados Unidos a Israel, dos países lusófonos em África ao Brasil e à América Latina é verdadeiramente impressionante. E trata-se de uma rede, ou melhor de um conjunto de redes, que foi e continua por ele a ser utilizada, sempre com a preocupação de o fazer com todas as partes envolvidas: vítimas, raptores, autoridades policiais e militares, e decisores políticos. Muitos trabalhos deste calibre houvesse.
Distinto autor e caríssimo Amigo, em verdade, em verdade digo e afirmo que comecei a ler a tua obra e não consegui parar... Certo que foi uma primeira leitura entusiástica e absorvente. Confesso uma vez mais que não consegui parar. No entanto este livro merece ser estudado com detalhe e minúcia particular.As primeiras palavras que me vieram à mente foi espetacular, arrojado, verdadeiro, científico e aqui para nós que ninguém que nos ouve, com uma dose enorme de "loucura" extrema na busca do conhecimento da verdade. Mas se não fosse assim o autor não se chamava Rui Neumann, nem lá perto.
Sai de RPTR [Raptos Políticos e Tomada de Reféns] a convicção firme de estarmos diante de um autor sério, informado, vivido e envolvido no que cita, conta, refere e transmite. Um académico do terreno que pisa, um profissional de alto gabarito, ideias sólidas e profundas convicções. Transparece nas páginas deste livro um espírito culto, perspicaz, ligando com sensibilidade os ensinamentos académicos, de um percurso brilhante, à realidade dura e pura de uma vida repleta de emotivos acontecimentos. Revelam estas linhas um riquíssimo embrião de relações e interesses, de sítios e lugares, de gentes e individualidades.
Imprensa

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